Hugo Chávez voltou. Após 72 dias de convalescência em Cuba, o presidente venezuelano aterrissou em seu país, na segunda-feira (18). Ele foi levado até o hospital militar Carlos Arvelo, em Caracas. Nenhuma imagem de sua chegada foi divulgada. Entre a oposição, as especulações correm soltas.
No começo da manhã, um tweet trouxe a notícia. Ele partiu do perfil de Hugo Chávez: "Estamos de volta à nossa pátria venezuelana. Obrigado, meu Deus!! Obrigado, meu povo amado!! Continuaremos aqui o tratamento". Seguido por mais de 4 milhões de simpatizantes, o perfil no Twitter do chefe do Estado (@chavezcandanga) estava em silêncio desde o dia 1o de novembro de 2012.
Assim que a notícia foi anunciada, centenas de partidários de Chávez saíram às ruas para celebrar, eufóricos, a volta de seu adorado líder. "Volvió, volvió, volvió" (voltou, voltou, voltou), canta a pequena multidão reunida em frente ao hospital. Era o slogan que havia acompanhado o retorno de Chávez ao poder, após a tentativa de golpe de Estado em 11 de abril de 2002.
Segundo o ministro das Comunicações, Ernesto Villegas, "o presidente está lutando por sua saúde, está plenamente consciente e assumindo suas responsabilidades". Desde o dia 10 de janeiro, data na qual o presidente Chávez deveria ter prestado juramento para um novo mandato de seis anos, o governo vem repetindo continuamente que ele está no comando. "Foi o chefe do Estado em exercício que voltou, o comandante das forças armadas, o líder da revolução bolivariana", declarou assim o vice-presidente Nicolas Maduro, que assume o cargo provisoriamente.
No poder desde 1999, Hugo Chávez foi reeleito no dia 7 de outubro de 2012. Os venezuelanos sabiam que ele estava com câncer desde junho de 2011. Em dezembro de 2012, logo antes de voltar para Havana para uma nova operação, ele os convocou a "votar em Nicolas Maduro" caso uma nova eleição presidencial fosse organizada.
Isso quer dizer que Chávez estava ciente dos riscos envolvidos nessa cirurgia, a quarta em 18 meses. Diante dos problemas de saúde do presidente, o Supremo Tribunal autorizou o adiamento por tempo indeterminado da cerimônia de posse. E a incerteza a respeito do estado de saúde do presidente se instalou. Na sexta-feira, o governo divulgou fotos de Chávez em seu leito de hospital, cercado por suas duas filhas. Foi a primeira "prova de vida" em dois meses.
Por que ele voltou? Seus partidários querem acreditar que ele vai se curar. "Hugo Chávez é mais forte que o câncer", explica a um canal de televisão uma senhora emocionada, em lágrimas, que carrega junto ao peito um retrato gasto do presidente. Já os opositores continuam a duvidar. "A volta de Hugo Chávez não nos diz nada sobre seu estado de saúde", lembra Fanny Rojas, do Mesa da Unidade Democrática (MUD), que reúne os diferentes partidos da oposição. Ela está certa de que Chávez, desenganado pela doença, voltou para morrer em seu país.
Rafael Marquina, um médico cubano exilado em Miami e responsável por inúmeros rumores sobre o estado de saúde do presidente venezuelano, não afirmava há alguns dias que a medicina cubana não tinha mais nada a oferecer a Hugo Chávez? Três dias antes da volta do presidente, Jorge Arreaza, ministro das Tecnologias e genro de Chávez, falava em "cuidados paliativos". A oposição reiterou sua exigência de "transparência" a respeito da situação médica do chefe do Estado.
Muitos opositores estão convencidos de que Chávez prestará juramento e imediatamente renunciará. Nos termos da Constituição, uma eleição presidencial deverá ser então organizada dentro de um prazo de 30 dias. Segundo o cientista político Fernando Giraldo, "Hugo Chávez voltou para ser o chefe de campanha de Maduro". O analista Luís Vicente Leon acredita que "a presença de Chávez na Venezuela reforça a transferência emocional para Nicolas Maduro".
Citando uma fonte do Supremo Tribunal, a Agence France-Presse afirmou na segunda-feira que "tudo está pronto para a cerimônia de posse de Hugo Chávez". Questionado, o ministro Villegas evitou se pronunciar sobre uma possível renúncia de Chávez. Criticando as "elucubrações" da imprensa, ele afirmou que "a única verdade é que Hugo Chávez voltou ao país". É o que pensa também Bernabé Gutierreza, membro do Ação Democrática (oposição), que considera "prematuro e arriscado" especular sobre o futuro.
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