segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ex-zagueiro do Palmeiras detona Felipão e diz que previu queda: "Colheram o que plantaram"


Maurício Nascimento não esconde a tristeza por não ter recebido uma nova chance no Palmeiras. O zagueiro que hoje está no Joinville tem contrato com o time paulista até o dia 20 de dezembro e não renovará seu vínculo. Ele se diz triste pelo rebaixamento alviverde por causa de alguns amigos que estão no Palestra Itália, mas não esconde que já sabia que isso aconteceria por causa do tratamento que Felipão tinha com os atletas.
Em entrevista ao UOL Esporte, o jogador desabafou e disse que não teve um tratamento profissional por parte da comissão técnica de Felipão.  Ele ainda afirmou que o treinador era que mandava no clube e que o rebaixamento seria questão de tempo, por tanta coisa errada que ele via na Academia de Futebol. O treinador foi consultado pela reportagem e preferiu não responder.
Com proposta de alguns outros times, Maurício também pode renovar por mais três anos com Joinville e até enfrentar o Palmeiras no ano que vem. Se isso acontecer, ele avisa: “Vou dar minha vida para atropelar os caras”.
Confira a entrevista completa de Maurício ao UOL Esporte:
UOL Esporte: Seu contrato vai até o dia 20 de dezembro. Você vai renovar? O Palmeiras já falou sobre isso com você?
Maurício
: Não vamos renovar, não. Graças a Deus fiz um bom campeonato aqui no Joinville e não preciso depender disso. Tem as duas partes. Eu não quero mais renovar e eles também não querem, nem me procuraram. Se procurassem, eu não ia aceitar pela sacanagem que fizeram comigo.
UOL Esporte: Como assim sacanagem? O que fizeram com você?
Maurício:
 Cara, eu fiquei treinando separado o ano inteiro. Me apresentei com o grupo e depois me tiraram de lá, me colocaram para treinar separado. Eles ficaram escolhendo um clube para me emprestar e graças a Deus deu certo no Joinville.

LEIA MAIS

  • Folhapress
    Palmeiras tenta repetir "segredo" de primeira volta à elite e passa a apostar na base
  • AE
    Palmeiras não se incomoda ter prejuízo com Valdivia
  • Leandro Moraes/UOL
    Ex-funcionários do Palmeiras apontam Scolari como culpado pelo rebaixamento
UOL Esporte: Mas quem fez isso com você? Diretor? Treinador?
Maurício: 
O Felipão não deixava a gente treinar, não queria nem que eu entrasse no vestiário. Ele nunca falou com a gente, nem dava boa tarde. Ninguém falava nada. O único que uma vez veio falar comigo foi o César Sampaio. Ele me explicou que eu devia me apresentar e depois desistiu, disse que era melhor não.
UOL Esporte: Mas a sua mágoa, então, é com o Felipão? Não com o Palmeiras?
Maurício: 
Não. É uma mágoa geral. Ninguém é maior que o Palmeiras, nem o treinador, nem nada. Se eles quisessem que eu treinasse, eu voltaria a treinar, independentemente do Felipão ou não. Eu estaria lá treinando. Mas aí deixam o treinador mandar no clube, numa nação que é o Palmeiras.
UOL Esporte: Você treinava separado com outros atletas. Todos tinham o mesmo tratamento?
Maurício:
 Sim, tinha eu, o William, o Sacconi, o Wendel, o Lovinho, o Vitor, o Fabinho Capixaba e outros jogadores também. Todos nós éramos tratados do mesmo jeito, sem profissionalismo.
UOL Esporte: Você acha que tem espaço no elenco do Palmeiras?
Maurício: 
Com certeza. Eu ajudei muito aqui no Joinville. Se eu tivesse lá, eu não posso dizer que ia fazer a diferença, mas ia ajudar muito, em muita coisa. Dentro e fora de campo.
UOL Esporte: Os afastados já estão reintegrados com o Kleina. Você não pensou eu conversar com ele?
Maurício:
 Não. Não porque eu já estava bem aqui. Se o Kleina estivesse lá, eu teria certeza que eu teria chance, porque pelo que eu ouço falar o Kleina é profissional, é correto.
UOL Esporte: Mas então você ficou feliz com o rebaixamento? Se sentiu vingado?
Maurício:
 Não. Vingança jamais, porque eu não guardo isso no meu coração. Eu fiquei é triste por alguns jogadores, pelo Tiago Real, que saiu daqui e foi para lá, o próprio Bruno, que eu sou muito amigo, e outros jogadores também. Mas é assim: a gente colhe o que plantou. O Palmeiras pediu. Tem muita coisa errada. A diretoria, o treinador mandava no clube em geral, isso não pode.
UOL Esporte: O que está errado? Dê algum exemplo.
Maurício:
 Tem muita coisa errada. Tem falta de profissionalismo lá. Mas eu não vou falar. Isso daí a imprensa sabe e a torcida também.

Luiz Felipe Scolari

Foto 1 de 50 - Américo Faria, diretor de seleções da CBF, em uma pelada da seleção durante a Copa de 2010, com Luiz Felipe Scolari Eduardo Knapp/Folha Imagem
UOL Esporte: Você diz do Felipão? Do tratamento dele com os jogadores, como o Pierre, por exemplo?
Maurício:
 Ele conseguiu tirar o Pierre do Palmeiras. O Pierre é o cara que tinha a maior moral. Quem sou eu para falar alguma coisa? Aí você vê onde está o Pierre? Ele é vice-campeão, com a maior moral no Atlético-MG e vai ser ídolo lá. Ele sempre foi profissional, nunca faltou em treino, nunca nem chegou atrasado e olha a forma que tiraram ele do Palmeiras.
UOL Esporte: E você pensou em tomar alguma atitude antes, enquanto estava afastado? Voltaria para o Palmeiras?
Maurício
: Ah, eu ficava chateado, alguns ficavam ainda mais. Cada um tem de aceitar o espaço do outro e ser profissional. Não adianta querer largar tudo, né? A gente tem família para criar. Não sei voltaria ao Palmeiras. Hoje, não. Mas daqui um tempo, pode ser. O futuro só a Deus pertence.
UOL Esporte: Se você ficar no Joinville, pode enfrentar o Palmeiras. Como ia ser para você?
Maurício:
 Eu ia dar a minha vida, atropelar os caras para mostrar que eles estavam errados.
UOL Esporte: Voltando no tempo, o que aconteceu para vocês perderem o título de 2009?
Maurício:
 Deu uma desestabilizada no time. Se a gente ganhasse do Náutico naquele jogo, abriríamos dez pontos do segundo. Aí perdemos de 3 a 0, o time caiu e começou a vir a desconfiança entre nós. É como o Atlético-MG aconteceu esse ano, mas isso é normal do futebol.
UOL Esporte: Teve problema no elenco? Na época falavam que o salário do Love causou ciúme no elenco.
Maurício
: Isso não. Cada um tem o que merece, e o Love sempre mereceu ganhar o que ele ganhava. Ele deu muita alegria para o Palmeiras, saiu e voltou  e merecia ganhar o que ganhava.

LEMBRA DA BRIGA?

  • LUCAS UEBEL/PREVIEW.COM/AE
    Contido por Danilo, Obina parte para cima de Maurício Nascimento
UOL Esporte: E a mudança do Jorginho pelo Muricy Ramalho? Isso pode ter atrapalhado?
Maurício:
 Não. Na época, o Jorginho tinha o jeito dele de trabalhar, o Muricy tinha outro e são dois excelentes treinador. O Muricy era tricampeão na época, não teve diferença. Os dois são bons treinadores.
UOL Esporte: E a briga com o Obina? Te atrapalha até hoje? Você já fala com ele?
Maurício:
 Sim, me atrapalha. Foi isso que me tirou do time até hoje, tenho quase certeza. O Felipão não falou, mas acho que foi isso. Mas aí não entendi porque ele deu chance para o Obina e não para mim. Eu já falo com o Obina, ele é super gente boa, um cara do bem. Sempre nos falamos pela internet.
UOL Esporte: Por que você chegou naquele nível de briga? O que aconteceu? A punição foi justa?
Maurício
: Foi por um gol que tomamos. A gente discutiu ali, mas é normal. Todo time tem discussão, tem uma briga. Um quer ganhar mais do que o outro e isso acontece. Eu não esperava ser afastado, esperava tomar uma multa, mas não achava que ia ser mandado embora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário